quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Polvos à moda de San Gennaro



No próximo domingo, dia 19, é dia de São Gennarou, ou Januário em português.No ano de 304 o imperador romano Diocleciano desencadeou a última e também a mais violenta perseguição contra os cristãos. O Bispo Januário foi preso com outros membros do clero, e todos foram julgados e sentenciados à morte num espetáculo público no circo. Sua execução deveria mesmo ser um verdadeiro evento macabro, sendo jogados aos leões para que fossem devorados aos olhos do povo. Porém, a exemplo do ocorrido com o profeta Daniel, as feras tornaram-se mansas e não lhes fizeram mal. O imperador determinou, então, que fossem todos degolados na própria arena. Era o dia 19 de setembro de 305. Alguns cristãos piedosamente recolheram em duas ampolas o sangue do Bispo Januário e o guardaram como a preciosa relíquia que viria a ser um dos mais misteriosos milagres da Igreja.
A ele é atribuído o “milagre do sangue”: durante a festa de 19 de setembro, sua imagem é exposta aos fiéis e, nessa ocasião, a relíquia do seu sangue se liquefaz, adquirindo de novo a aparência de recém-derramado e de coloração avermelhada. A primeira vez, devidamente registrada e desde então amplamente documentada, ocorreu na festa de 1389. Quando o sangue não se liquefaz, a superstição local diz que um desastre se aproxima.
Por isso, os católicos devotam enorme veneração por São Januário. Até a história da cidade de Nápoles, cravada ao pé da montanha do Vesúvio, se confunde com a devoção dedicada a ele, que os protege das pestes e das erupções do vulcão. Na verdade, ela se torna a própria história desse santo que, segundo os Atos do Vaticano, era napolitano de origem e viveu no fim do século III Considerado um homem bom e caridoso, foi eleito Bispo de Benevento, cidade situada a 70 quilômetros de Nápoles. Nessa época, os inimigos dos cristãos lhes obrigavam a testemunhar sua fé através de terríveis martírios, seguidos de morte.
São Januário é venerado desde o século V, mas sua confirmação canônica veio somente através do Papa Sisto V, em 1586.
Nápoles nos presenteia com uma deliciosa receita de polvos para comemorar seu santo padroeiro.

Ingredientes
800g de polvos pequenos
3 dentes de alho
1 pimenta dedo-de-moça
4 colheres de sopa de azeite de oliva extra virgem
1 colher de sopa de farinha de rosca
500ml de caldo de peixe
4 colheres de sopa de salsinha picada
sal a gosto

Modo de preparo
Limpar bem os polvos: eliminar as vísceras, retirar as bocas, lavar bem e enxugar. Numa panela, aquecer o azeite de oliva, acrescentar os dentes de alho picados e a pimenta picada, sem as sementes. Em seguida, colocar os polvos e refogá-los por 3 ou 4 minutos. Acrescentar duas conchas de caldo de peixe, tampar a panela, abaixar o fogo e deixar cozinhar. Depois de quase 20 minutos, ou assim que o polvo estiver macio, acrescentar farinha de rosca e misturar bem. Cozinhar por mais 5 minutos e, antes de servir, colocar a salsinha picada para finalizar o prato.

Esta receita integra o livro O Céu na Boca, de minha autoria.

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