quinta-feira, 25 de abril de 2013

Salada de manga

Uma coisa muito simples, requer pouco esforço e nem muita habilidade. Mas asseguro que o sabor é inusitado, uma explosão de aromas a cada mordida.



Ingredientes:

2 mangas ainda não muito maduras
3 colheres de sopa de azeite extravirgem de oliva
sal a gosto
1 pitada de pimenta calabresa moída
coentro picado a gosto

Modo de preparar:

Corte as mangas em cubos pequenos, tempere com sal, pimenta e azeite de oliva. Adicione o coentro bem picadinho, mexa bem, e deixe marinando por 20 minutos. É surpreendente. O sabor exótico da manga um pouco verde e o frescor do coentro, enriquecidos por um toque ardido da pimenta calabresa irá surpreender. Garanto!

segunda-feira, 18 de março de 2013

Bartolomeu Scappi, cozinheiro dos papas




Bartolomeo Scappi (1500 – 1577) foi um cozinheiro de intensa capacidade, mas, sobretudo, visionário e predecessor de muitas técnicas modernas de cozinha. É curioso notar como alguns particulares da sua vida permanecem ainda misteriosos, e as poucas informações que temos a respeito dele, partiram exatamente das páginas de sua obra. L’Opera dell’arte del cucinare, um dos mais completos livros de Gastronomia do século XVI.


Relativamente ao seu nascimento, não é possível precisar a data de seus natais com exatidão. Tampouco a sua origem geográfica: alguns estudiosos supõem que ele tenha nascido na cidade de Bolonha, outros em Veneza e outros ainda, na cidade de Varese, norte da Itália. Calcula-se que deva ter nascido no início do século XVI, e que tenha falecido por volta do ano 1570. Scappi prestou serviços a personagens importantes de seu tempo, destacando-se entre eles o Cardeal Lorenzo Campeggi (1474 – 1538), Papa Paulo III (1468 – 1549) e Papa Pio V (1504 – 1572). Desse último personagem, ele nos fornece na Opera, a descrição do rico banquete de entronização, afirmando, mais tarde, e no próprio frontispício do livro, ter sido cuoco segreto, cozinheiro particular de Sua Santidade. Paradoxalmente, o livro é dedicado ao seu último patrão, Pio V, cuja inapetência lhe deu bastante trabalho. Empenhado em defender a ferro e fogo a fé cristã, ocupara o cargo de inquisidor geral no pontificado anterior.
Eleito Papa, continuou a ser extremamente rigoroso, a ponto de proibir os médicos de curarem os pacientes que não se confessavam. Levava vida austera, fazia demorados jejuns e abstinências, observava um regime alimentar frugal, caso raro entre os ocupantes do trono de São Pedro na época. Apreciava caldo ralo de carne e sopa de urtiga. Mas era o Papa que a Igreja Católica necessitava, para enfrentar a reforma protestante, as críticas dos dissidentes e reconquistar a confiança dos fiéis. Graças à disciplina ascética, subiu aos altares com o nome de São Pio V. Em compensação, um de seus antecessores, Paulo III, só deu alegrias ao chef Scappi. Glutão assumido, elogiava sua arte e estimulava o desenvolvimento de novos pratos.
Sua atividade teve grande êxito a ponto de lhe render honrarias e estima da nobreza. E falar de Scappi é falar da sua Opera, exatamente por se tratar de um trabalho literário imponente, que se divide em seis volumes, cada um dedicado a um tema específico. Na obra encontram-se soluções técnicas para o setor da restauração, além, é claro, de ensinamentos básicos de cozinha, descrição de pratos, técnicas exclusivas relativas à conservação de alimentos, detalhes para preparar banquetes, e pela primeira vez na historia da literatura gastronômica, as primeiras sugestões de cozinha especifica para pessoas enfermas e convalescentes, noções básicas de cozinha dietética e elementos de higiene. 
Scappi, sobre esse aspecto, pode ser considerado um verdadeiro precursor da “cozinha saudável”, intuindo que a qualidade de vida é resultado, dentre outros fatores, de uma dieta controlada e balanceada, e que o ambiente onde é manipulado e preparado o alimento deve ser, no limite do possível, limpo e arrumado. Do ponto de vista técnico, especificamente, foi um verdadeiro profissional: utilizou pela primeira vez na Europa os produtos então recém chegados da América e também inventou soluções técnico-práticas que ainda são utilizadas pelos profissionais das cozinhas no mundo de hoje, como os empanados, os enfarinhados, e o ato de selar as carnes brancas e vermelhas antes de seu cozimento.
No que concerne às receitas contidas na Opera, assistimos a uma substancial inovação em relação à cozinha medieval. Se por alguns aspectos, na Idade Média era tendência preferir as carnes de caça, especialmente as emplumadas, Scappi sugere em seu manual o uso de carnes de criação, como frangos, bovinos e suínos. Percebemos o esforço do mestre em tornar a cozinha mais leve do que aquela praticada na Idade Média, driblando, inclusive, as severas restrições religiosas. Como afirmam os estudiosos Sabban e Serventi, a Igreja católica continuava a impor ao mundo a alternância de cardápios “di grasso e di magro”, ou seja, a estabelecer os dias nos quais a dieta era livre e os respectivos períodos de jejum e abstinência, nos quais os fiéis estavam proibidos de comer carne; falamos de todas as sextas-feiras, na véspera das festas religiosas importantes e durante as quatro têmporas, ou seja, nos dias em que se iniciam as estações do ano.

A solução foi encontrar produtos substitutivos. Daí o grande número de pratos à base de massa, pão, peixe, amêndoa, noz, manteiga, mel e especiarias, cujo uso, sobretudo nas cortes, também era sinal de status. A primeira diferença entre um banquete principesco e um plebeu consistia no emprego generoso de noz-moscada, cravo-da-índia, pimenta-do-reino, canela, gengibre. Essas e outras especiarias perfumaram intensamente as elaborações dos chefes importantes. No seu livro, Scappi dá a receita de sua mistura pessoal, na qual incluía uma pimenta chamada de grana paradisi. Outra característica da cozinha renascentista foram os molhos leves, geralmente à base de plantas ou frutas aromáticas, como limão e laranja, ligados com miolo de pão. A utilização da farinha de trigo só aconteceria na Itália a partir do século 18, por influência francesa.
O sabor agridoce, tão amado na Idade Média, continuou a fazer sucesso. O mesmo sucedeu com os grandes assados, os pavões, os capões recheados, as caças de pena e as aves domésticas. Apareceram ou consolidaram sua presença na mesa renascentista as massas recheadas, sobretudo os tortelletti e os ravioli, bem como as massas de fio, uma das quais aparentada com os gnocchi e denominada strozzapreti, palavra que traduzida para o português significa estrangula padres. Um cozinheiro irreverente e bem-humorado a batizou com esse nome. Seria uma referência à lendária gula dos sacerdotes. Porém o próprio Scappi se mostrou respeitoso, chamando os strozzapreti de gnocchi. Além disso, procurou atenuar a rusticidade da receita acrescentando à massa algumas gemas de ovos
Devemos pensar a Bartolomeo como um grande inovador da gastronomia de seu tempo, e, de fato, o seu trabalho literário mereceu amplo consenso, e foi levado em consideração por muito tempo. Mais tarde, na segunda metade do século XVII, ocorreu uma inexorável, mas contínua involução da cozinha italiana, rebaixada pela gastronomia francesa em franca ascensão.



Compreensivelmente, a obra de Scappi teve enorme repercussão na Europa. Foi copiada e plagiada. O espanhol Diego Granado, por exemplo, transcreve-a literalmente no Libro del Arte de Cocina, em 1599, sem lhe fazer qualquer menção. Também na Alemanha, em 1581, Max Rumpolt plageia a obra de Scappi dando-lhe o título de Ein neues Kuchbuch, como nos lembra Roy Strong.

Conclave 2

O novo papa Jorge Bergoglio, como seu próprio sobrenome diz, é descendente de italianos, da região Piemonte, norte da Itália. Segundo dizem, ele adora café espresso e bagna cauda. É um prato típico da região e equivale ao fondue suíço. Símbolo da amizade, o prato teve suas origens nas antigas fazendas onde, após um intenso dia de trabalho nos campos, principalmente durante o período das vindimas, camponeses se reuniam com a família e os amigos ao redor de uma lareira e saboreavam o prato.



Ingredientes


150 g de anchovas
6 dentes de alho
200 g de azeite de oliva
50 g de manteiga
Legumes e Verduras a gosto
pimentões em tiras
cenouras em palitos
couve-flor
batatas cozidas
cebolas
talos de salsão
pão italiano
grissinis

Modo de preparar:

1 - Descasque e pique finamente os dentes de alho. Coloque-os de molho no leite, por cerca de uma hora. Facilita a digestão.

2 - Escorra e coloque numa panela misture as anchovas desalgadas e cortadas em pedaços pequenos.

3 - Complete com o azeite e leve ao fogo lento e cozinhe cuidando para que o alho não mude de cor nem que o azeite ferva.

4 - Mexa com cuidado, usando colher de madeira, até obter uma creme.
5 - Adicione a manteiga e cozinhe por mais dez minutos.
6 - Sirva imediatamente, na panela em que preparou a bagna cauda.
7 - Cada comensal molha legumes e verduras, pães e grissinis no creme quente e saboreia acompanhado por um bom vinho.

domingo, 17 de março de 2013

Conclave 1


O arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, declarou no dia 10 de março, dias antes da eleição do Papa Francisco, que "no Conclave come-se muito mal". Embora em tempos de Quaresma, o simpático americano não se importou com a Quaresma, que prevê dias de jejum e abstinência. Quais serão os pratos preferidos do americano? Hambúrguer, batatas fritas, macarrão com almôndegas? Ele parece um ótimo garfo!

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Lentilhas com zampone





Um prato, uma colherada, um bocado de lentilhas... é o suficiente para garantir boa sorte no Ano Novo, aqui no Brasil e também na Itália. Dizem que elas atraem sorte porque crescem rapidamente, assim como os desejos de quem as come no passagem do ano deveriam crescer.
O zampone é um embutido típico da cidade de Módena, na região Emilia-Romagna, tradicional pela criação de suínos, e produtora dos melhores embutidos da Itália, como o presunto de Parma.
A ideia, a invenção dessa espécie de salame, remonta ao ano de 1511, obra de um cozinheiro de corte da cidade de Mirandola, pátria do filósofo italiano Giovanni Pico della Mirandola (1463 -1494).
Para salvar a carne dos porcos das barbáries do exército do papa Julio II Della Rovere que assediavam as cidades da província de Módena, o cozinheiro teve a ideia de conservar a carne, dessa "nova" maneira, com sal, especiarias e temperos. Desde o século XVI tornou-se uma especialidade modenesa, e presença certa nas mesas de Ano Novo como acompanhamento das lentilhas. Afinal de contas, os porcos fuçam para frente, e segundo a tradição, trará sorte, também.
Boma apetite e Bom Ano Novo. Que 2013 seja um ano de grandes realizações, na cozinha e fora dela.


domingo, 30 de dezembro de 2012

Manjar Branco para Iemanjá



Iemanjá, a Rainha do Mar gosta de manjar branco e hoje, às vésperas da véspera do Ano Novo, segue a receita, simples e gostosa desse doce bem brasileiro. Ou melhor, bem europeu, pois há receitas do prato em livros de receitas europeus desde o século XV. Naquela época, porém, era um prato salgado, preparado com caldo de frango.

Ingredientes

1 lata de leite condensado
2 latas (a mesma medida do leite condensado) de leite integral
4 colheres de sopa de amido de milho
1 vidro de leite de coco
150 g de coco ralado fresco

Modo de preparar:
 Leve ao fogo médio o leite condensado, o leite e o amido e mexa sem parar com um fouet; quando estiver cozido, já grosso, adicione o leite de coco e o coco ralado, mexa por mais 2 minutos. Retire do fogo, coloque em uma forma de buraco molhada e leve para gelar. Sirva com a calda de sua preferência: ameixas pretas, açúcar queimado, frutas vermelhas.
Para Iemanjá, não acrescente calda e sirva sobre uma folha de bananeira.



(photo - Isabella Kassow)
E salve a Sereia do Mar!

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo 2013






Deixo algumas imagens para brindar com amigos e seguidores, na esperança de que 2013 seja um ano cheio de coisas boas para todos nós.