terça-feira, 14 de setembro de 2010

Beijinho ou beijo de freira? Eis a questão!


Grande número de doces conventuais tinha nomes apelativos, de sentimentos inclusive eróticos e sedutores, que acabavam denunciando a falta de vocação religiosa de muitas irmãs. Muitas delas foram enclausuradas pelos pais ou pelos maridos por mau comportamento; outras ocupavam as dependências religiosas por serem secundogênitas, possuidoras de um dote menos consistente que as primogênitas, fator que acabava por se tornar um problema para contraírem um bom matrimônio.
A má-fama dos determinados mosteiros teve início em 3 de setembro de 1759 quando os jesuítas foram expulsos de Portugal, dando-se a extinção total da ordem em 21 de julho de 1773. O desfecho deu-se com o decreto de 30 de Maio de 1834, assinado por D. Maria II (1819 – 1853), filha do nosso D. Pedro I (1798 – 1834) que determinou a extinção das comunidades de clausura. Tal decreto foi promulgado pelo Ministro dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, Joaquim Antonio de Aguiar (1792 – 1884) e declarava extintos "todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares", confiscando o patrimônio de todas essas ordens. O Ministro passou a ser conhecido como o "Mata-Frades". A lei acarretou o empobrecimento e o declínio da doçaria conventual. Porém, a admissão de “meninas do coro” encarregadas pelo canto dos Ofícios Divinos, que, entre outras atribuições, dedicavam-se ao preparo dos doces, contribuiu para que esse legado não se extinguisse totalmente.

O biscoito beijo-de-freira teve origem no Convento de Santa Clara, que foi instituído em princípio do século XIV e que até hoje domina a paisagem da cidade de Vila do Conde, Distrito do Porto, em Portugal. Onde era feito pelas freiras que davam o forma de lábios, de onde surgiu o nome beijo-de-freira. Algumas modificações foram feitas como a substituição de alguns ingredientes e o seu formato
No Nordeste, provavelmente trazido pelas Clarissas no século XVII, o Beijo de Freira foi adaptado, tendo as amêndoas substituídas pelo coco, a tradicional calda de água com açúcar por outra de leite e açúcar, perpetuaram-se as gemas, agregou-se um aroma delicado de baunilha e virou o Beijo de Coco, docinho crocante embalado em papel de seda franjado e colorido, arte essa que também herdamos de Portugal. Mais tarde, na segunda metade do século XX, quando o leite condensado invadiu o mercado e as nossas receitas, transformou-se no Beijinho, ficou mais macio e passou a ser acondicionado em forminhas de papel e ganhou o característico cravo-da-índia, sua marca registrada.

Ingredientes:
1 lata de leite condensado
1 coco médio ralado
3 gemas
1 colher pequena de margarina
1 colher de essencia de baunilha
Açúcar cristal (para passar o doce)

Modo de preparar:
Junte todos os ingredientes, misture bem. Leve ao fogo até dar ponto (soltar do fundo da panela). Coloque em um prato e espere esfriar. Faça bolinhas e passe no açúcar cristal. Para decorar use cravos da índia. Rende em média 80 docinhos.

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