domingo, 21 de outubro de 2012

Louça da Nobreza Brasileira

Segundo Barão de Piracicaba


Aparelho de porcelana francesa de Limoges, 88 peças, com o monograma do Barão



Rafael Tobias de Aguiar Pais de Barros, segundo barão de Piracicaba, (1830 –  1898) foi um fazendeiro brasileiro. Era filho de Antônio Pais de Barros, primeiro barão de Piracicaba, e de Gertrudes Eufrosina de Aguiar.
Casou-se em primeiras núpcias com sua prima Leonarda de Aguiar de Barros, filha de Bento Pais de Barros, barão de Itu, e em segundas com Maria Joaquina de Melo Oliveira, filha de José Estanislau de Oliveira, visconde de Rio Claro.
Dentre seus filhos, destaca-se Sofia Pais de Barros, que se casou com Washington Luís Pereira de Sousa, futuro presidente do Brasil.

Depois da implantação da ferrovia, em 1867, a rua Alegre, em São Paulo,  tornou-se um dos endereços preferidos da elite cafeeira; ali residiram membros das famílias Barros, Almeida Prado, Barbosa de Oliveira, Arruda Botelho, Souza Aranha, entre outros. Rafael Tobias de Aguiar Paes de Barros, futuro Barão de Piracicaba II, ergueu um belo palacete por volta de 1870, um dos primeiros a serem implantados fora do alinhamento da rua. Sobrinho e afilhado do Brigadeiro Tobias (de quem possuía o nome), ele construiu sua casa num imenso terreno na esquina das ruas Senador Queiróz com Alegre, sendo os fundos voltados para a rua Triste, onde ficavam o pomar, as cocheiras e acomodações do escravos. Com mais de sessenta cômodos, a casa possuía os dormitórios no térreo, sendo que o estar formal e familiar se localizava no primeiro andar, considerado o pavimento nobre. Isso ainda era resquício dos sobrados coloniais, nos quais as acomodações para escravos e os serviços se encontravam no piso ao rés-do-chão. Provavelmente a construção era mista, usando taipa de pilão e tijolos de barro, estes com o brasão da Olaria Sampaio Peixoto, de Campinas.




O Barão faleceu em 1898, mas sua viúva e alguns filhos residiram no palacete até 1918, quando foi ocupado pela escola de Farmácia. Foi nessa casa que um dos genros do Barão, o jovem bacharel Washington Luis Pereira de Souza começou a trilhar os caminhos da política. Casado com Sofia, certamente se beneficiou do prestígio que o sogro tinha na sociedade paulista, bem como da vasta e influente parentela. A residência do Barão de Piracicaba foi demolida em 1942.

Sofia e Washington Luis, num dos salões da casa
autor desconhecido, início séc. XX




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Avenida Brasil: o lugar onde se come o dia todo

Hoje, irá ao ar o último capítulo da novela Avenida Brasil, escrita por João Emanuel Carneiro. Fenômeno de audiência da TV Globo, a novela ganhou adeptos famosos e não famosos. Ana Maria Braga e Fátima Bernardes dedicaram parte de seus programas, hoje ao esperado desfecho do folhetim. Afinal, quem matou Max? Quem Carminha matará primeiro: Tufão ou Nina? Especulações das mais variadas espécies circulam pela rede, e muita gente não sairá de casa hoje, sexta-feira, antes do final do capítulo. Certamente será o assunto em todas as mesas , dos pés-sujos aos renomados restaurantes. Mistério e suspense, um pouco à la Revenge, o seriado americano que também conquistou multidões. 
É uma pena que Carminha, o personagem de Adriana Esteves, tenha sido colocada de lado, nas últimas semanas em favor de seu pai, santiago, interpretado por Juca de Oliveira.
Mas sem dúvida alguma, a personagem que dominou a cena gastronômica da novela foi Nina, interpretada por Débora Falabella. Ela foi uma espécie de preceptora da família suburbana do Divino. Ensinou boas maneiras aos personagens, refinou o seu paladar e conquistou os falastrões membros daquela família com as suas receitas. E vamos combinar, come-se muito no Divino: praticamente o dia todo, tanto na Mansão Tufão, no botequim do Silas ou na casa de Monalisa. Sem esquecer da moela do Adauto!



Dentre as tantas receitas que a "chef" Nina preparou, uma delas conquistou a Família Tufão: Ovos benedict, os preferido do café da manhã de Carminha.
Os ovos benedict foram uma das muitas invenções do maître d'hotel Oscar Tschirsky, funcionário do Waldorf-Astoria Hotel de Nova York, o mesmo inventor da também famosa Salada Waldorf. O pedido de torradas com ovo pochê, bacon crocante e molho holandês teria sido feito por Lemuel Benedict, funcionário aposentado da bolsa de valores de Wall Street, para curar uma ressaca matinal. A história foi contada pelo próprio Benedict, em 1942, e publicada na coluna Talk to the Town, do Jornal The New York Times. Também era o prato predileto da personagem Miss Marple, de Agatha Christie.
(De Fama à mesa, Editora Tinta Negra, Rio de Janeiro, 2010, p. 139-140)

Ingredientes:

4 ovos
4 fatias de bacon
1 colher de sopa de vinagre de vinho branco
azeite de oliva a gosto
sal e páprica a gosto

para o Molho Holandês:

2 gemas
2 colheres de sopa de água
1 colher de sobremesa de suco de limão
pimenta-do-reino a gosto
150 g de manteiga

Modo de preparar

Comece preparando o molho: coloque as gemas em um recipiente e junte a água fria e o suco de limão, mexendo com um fouet. tempere com sal, pimenta e leve ao fogo em banho-maria, mexendo sem parar. assim que o molho estiver cremoso junte mais algumas gotas de água fria, e sem parar de mexer, adicione a manteiga, em pequenas quantidades. A água do banho-maria não deve ferver, e sempre que o molho parecer quente demais, adicione um pouco de água fria. Conserve em banho-maria até a hora de utilizar.
Prepare então os ovos pochê: ferva a água com sal e adicione o vinagre. quebre os ovos numa vasilha à parte e despeje os ovos, um de cada vez, sobre a água fervente. A água deve cobrir quase todo o ovo, deixando apenas a parte superior da gema descoberta. Cozinhe-os por cerca de um minuto, até que a clara esteja bem branca, sem partes cruas; retire-os com uma escumadeira. Torre as fatias de pão na torradeira, doure as fatias de bacon numa frigideira antiaderente por alguns minutos. Para servir, disponha um ovo sobre uma fatia de pão torrado, coloque uma fatia de bacon sobre cada ovo, cubra tudo com molho holandês e finalize com uma pitada de páprica.




terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dia Mundial do Pão


Hoje é o dia mundial do Pão. Alimento sagrado, por excelência, é o símbolo da alimentação. Hoje, no mundo todo, blogueiros dedicam a ele suas receitas, e acrescentam a imagem acima em seus blogs.
Ele é essencial pela manhã, com uma boa xícara de café com leite, no café da tarde, bem quentinho e crocante, recém comprado na padaria. Na hora do lanche, só com manteiga, com geleia, com queijo, com presunto, com mortadela. Não importa se grande, se pequeno, integral, comum, feito em casa, industrializado. O pão reina em todas as mesas (ou deveria reinar!)
Em Curitiba, 12 mil pães devem ser distribuídos hoje, na Praça Rui Barbosa, zona central da cidade.
Em Brasília, 30 mil deles devem ser distribuídos em frente a um conhecido shopping da cidade.
Em Recife, 40 mil unidades serão doadas à entidades carentes.
Em Belém e cidades vizinhas, 15 mil unidades também serão distribuídas.

Casualmente, hoje também é terça-feira, dia de Pão de Santo Antonio ou Pão dos pobres. 
Conta a tradição, a seguinte história:
Santo Antonio vivia no convento de Santa Maria Mater Domini, em Pádua. Naquela época, a Itália passava por uma tremenda crise, e o preço do pão havia sido muito elevado. Durante suas orações ouviu alguém bater à porta do convento e foi atender. Era um pobre, pedindo pão. O Santo foi até a despensa do convento e pegou um dos pães que haviam sido preparados pelo frade cozinheiro e deu-o ao homem. Mais tarde, a cena repetiu-se por outras vezes, até que os pães se acabaram.
Pouco antes da refeição, o frade cozinheiro caminhava aflito pela cozinha, lamentando a falta do pão para a refeição dos irmãos, que devia ocorrer dali a pouco. Antonio entrou na cozinha e o frade cozinheiro manifestou sua preocupação com a falta do pão justo na hora em que os irmãos deveriam retornas da capela, e que não havia tempo necessário para preparar outra fornada. O Santo, diz a lenda, bateu então nas costas do cozinheiro e disse: "Não se preocupe demais, pois Deus proverá!"
De fato, no retorno dos frades da oração, em direção ao refeitório, a caixa de pães, outrora completamente vazia, estava repleta, causando surpresa no frade cozinheiro.

Confesso que não tive tempo de preparar um delicioso pão, hoje, mas segue aqui uma bela seleção de imagens para comemorar o delicioso "pão nosso de cada dia".

















domingo, 14 de outubro de 2012

A questão gastronômica é uma questão estética e filosófica: a cozinha relaciona-se com as belas-artes e com as práticas culturais das civilizações de todas as épocas. As cozinhas dos diversos períodos históricos representam-nos, tanto quanto as pinturas, as sonatas, as esculturas, as peças de teatro ou de arquitetura. E, se existem mestres e amadores, criadores de primeira e de segunda, inventores e seguidores, gênios e anões nas áreas da estética clássica, o mesmo se dá no terreno da cozinha. (...) A cozinha é uma arte sem museu nem escola, sem história oficial nem instituição passível de reproduzir seus conhecimentos e pensamentos no domínio que agrada especialmente aos que só se sentem bem acalmados pelas palavras de ordem e pelos conhecimentos gregários.
A razão gulosa.
Michel Onfray, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 1999.

Timballe alla milanaise
do Livre de Cuisine, de Jules Gouffé, 1857