quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Louça da nobreza brasileira II

serviço do Barão de Guaraciaba
porcelana francesa - séc. XIX

O mais ilustre morador da fazenda Veneza foi o Barão de Guaraciaba, Francisco Paulo de Almeida. Único titular do império de origem negra foi agraciado com o título em 16 de setembro de 1887, poucos meses antes da libertação dos escravos; foi também um dos mais interessantes e curiosos homens de nossa história. Dono de grande cultura, ele escolheu uma jovem branca para se casar, de família tradicional valenciana, e se esmerou em dar aos onze filhos uma educação refinada. Sabe-se ainda que era um grande comerciante.


Na fazenda Veneza e em outras fazendas na segunda metade do século XIX, manteve sua cultura de café até a morte de sua mulher em 1889. Sua fortuna chegava a mais de 622 mil contos de réis, contando todas as suas propriedades. Seus 413.000 pés de café tomavam conta das terras da Veneza. Depois da morte de sua esposa, Francisco Paulo, vendeu a fazenda para transformar o dinheiro da venda em apólices e legá-las aos seus filhos.

Fachinetti - final séc. XIX
ex-coleção Lily Marinho

Sua inteligência o levou a uma escalada de ascensão social, e tudo fez para ficar mais próximo da cidade imperial, quando em 1891, adquiriu o palacete da família Mayrink, localizada em frente ao Palácio Imperial de Petrópolis.
Curiosamente, não existe nenhuma documentação que revele o caráter abolicionista do Barão de Guaraciaba, ou mesmo que tenha tentado o trabalho livre em suas fazendas através de emigrantes europeus como fizeram outros fazendeiros, até mesmo o maior dos escravistas, Joaquim José de Souza Breves, entre outros, experiência esta que levou ao total fracasso, em todo o vale do Paraíba.
Adaptado da Revista do Café, março 2009

Lily Marinho foi proprietária da Fazenda Veneza até 2008.

interior da casa da Fazenda Veneza
(nos tempos de Lily Marinho)

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